O tênis do Brasil pode estar num alto nível dentro de cinco anos. Número um do mundo em duplas, sétimo em simples, cinco vezes campeão de Grand Slam, medalha de Prata nas Olimpíadas de Seul e atual capitão da equipe da Copa Davis da Espanha, Emílio Sanchez, grande destaque do I Simpósio Internacional de Tênis, que acontece até quarta-feira, no Clube Paineiras do Morumby, em São Paulo, afirmou que o tênis no Brasil tem jeito.
Neste domingo, Sanchez atraiu 400 professores e técnicos, para contar os segredos do tênis espanhol e ensinar novas táticas e técnicas, além de dar uma palestra para pais de tenistas.
BRASIL – “O tênis brasileiro tem potencial. O interesse é muito grande da parte dos técnicos e professores. É o terceiro ano que eu venho dar este curso e cada vez há mais inscritos. Com esse novo pessoal na administração, esse departamento de capacitação formado, acredito que o tênis brasileiro possa estar em um alto patamar dentro de cinco anos,” afirmou Sanchez. “Aqui há muitas quadras, em clubes como este, muitos sócios, por exemplo, mas não há o investimento na base, nas escolinhas, por exemplo.”
RENOVAÇÃO – E é na base que ele afirma estar o grande sucesso do tênis espanhol. “O segredo do sucesso do tênis da Espanha são os clubes, lá que a gente encontra a base da pirâmide. O tênis tem que ser um processo todo. Um tenista não vai do ranking 1000 ao 100 de uma hora para outra. Ele tem que passar por todas as fases e tem que ser continuamente renovado, para não ficar sem jogadores bons de uma hora para outra.”
Como exemplo ele cita a Suécia de Bjorn Borg, Mats Wilander e Stefan Edberg, que atualmente, mesmo tendo alguns jogadores entre os top 100, sofre com a falta de grandes ídolos. “A Espanha tem bons resultados porque tem muitos jogadores bons em atividade e quando um está parando, já tem outro surgindo. Isso acontece porque há investimentos, há interesse, estamos sempre pesquisando, participando de cursos e analisando as novidades.”
NADAL – Envolvido com o tênis há 33 anos (desde que começou a jogar – hoje tem 40), Sanchez afirmou também nunca ter visto um fenômeno como o jovem Rafael Nadal, de 19 anos, com quem contará no ano que vem, na disputa da Copa Davis, já que é o novo capitão da Espanha. “Ele é impressionante, um fenômeno mundial. Até mesmo na Itália, em que foi campeão do Masters Series de Roma esse ano, ele está fazendo o tênis crescer. Houve um aumento de 20% nas vendas de raquetes depois do campeonato lá. Ele voltou a fazer as crianças a quererem jogar, elas enlouquecem com ele, porque ele tem coração, nunca dá um ponto por perdido, luta até o final. Não é aquele jogador que joga a raquete, desiste e que você `as vezes tem vontade de desligar a televisão. Pelo contrário, mesmo quando está perdendo você fica ali acreditando e torcendo. Ele já disse que quer jogar a Davis no ano qe vem, tem muita energia e um físico diferente, não de um atleta típico europeu, muito mais de um latino, negro. É só olhar os traços dele.”
COPA DAVIS – No seu primeiro desafio como capitão da Copa Davis, Sanchez terá que enfrentar a Bielorússia fora de casa, provavelmente numa quadra de carpete bem rápida. “Pelo menos, hoje em dia, temos chance de ganhar. Antigamente já sabíamos que era um confronto praticamente perdido, por não ser no saibro. Mas ainda não sei quem vai jogar. Felizmente tenho um problema difícil. Escolher quatro jogadores entre o Nadal, dois ex-números um do mundo, que são Ferrero e Moya e outros que estão entre os 25, como David Ferrer, Tommy Robredo, Fernando Verdasco e Feliciano Lopez.”
DOPING – Ativo e circulando o circuito mundial, Sanchez também falou sobre um polêmico assunto do momento, do doping no tênis, especialmente o argentino. “Não posso dizer o que acontece lá. Mas, na Espanha, temos um médico – o Dr. Angel Cotoorro, que trabalha na Federação há muitos anos e que orienta os jogadores. Quando você atinge o sucesso, tem muita gente que chega perto de você e te oferece maneiras de melhorar ainda mais e a maioria das pessoas, em todos os esportes, toma o risco. Mas, acho que o principal problema, no esporte em geral, é que o sistema tem que ser unificado. No tênis, o que mais atrapalha hoje em dia é que demora muito tempo para se saber os resultados dos exams, depois que ele é feito, como está acontecendo como o caso do Puerta agora. Ele foi denunciado por um jornal e agora ninguém sabe se é verdade ou não. Espero que agora, com a ITF regendo todo o sistema, haja uma melhora.”
Emílio Sanchez fica em São Paulo até quarta-feira, quando desafia o capitão da equipe da Copa Davis do Brasil, Fernando Meligeni, a partir das 10h, com entrada gratuita, no Clube Paineiras do Morumby.
O 1º Simpósio Internacional de Tênis é uma realização da Faberg Sports, emparceria com a Try Sports Empreendimentos Esportivos, com patrocínio de Prime Bradesco, Artefacto, TAP Portugal e Head/Penn e apoio de Blue Life, Central Brasileira de Catálogos, Comgas, Lorena Hotel Internacional, Academia Sànchez-Casal e Clube Paineiras do Morumby.