Assim como aconteceu em 2001, quando conquistou o tricampeonato de Roland Garros e assumiu de vez o posto de maior tenista brasileiro de todos os tempos, Gustavo Kuerten voltou a derrotar o espanhol Alex Corretja neste sábado, por 2 sets a 1 (6/3, 3/6 e 10 a 7 no match tie-break) em 1h32m de jogo. A reedição da histórica final marcou o encerramento do CLARO Rio Champions 2011, no Maracanãzinho, depois da vitória de Carlos Moyá sobre o croata Goran Ivanisevic, que deu o título do torneio ao espanhol.
Corretja, que dias antes admitira ainda ter pesadelos sobre a derrota sofrida há 10 anos no saibro de Roland Garros, entrou em quadra para tentar a desforra. Mas Guga não estava disposto e perder diante de sua própria torcida. Ambos demonstraram boa forma física e prova disso foi o belo espetáculo proporcionado ao público presente ao Maracanãzinho. O primeiro set teve um ligeiro domínio de Guga, que conseguiu quebrar um serviço de Corretja e ficar à vontade para fechar em 6 a 3.
O segundo set foi mais equilibrado. Corretja levantou a galera e ganhou a reverência de Guga ao acertar um lobby dando uma raquetada por debaixo das próprias pernas. Foi quando o brasileiro recebeu de um torcedor uma réplica da emblemática camisa azul e amarela que vestia na final de Roland Garros em 1997. Ele a usou por alguns minutos durante o set, mas o “amuleto” não foi suficiente para intimidar o espanhol, que devolveu os 6 a 3.
A decisão, então, ficou para o match tie-break. Houve equilíbrio desde o início e nenhum dos dois conseguia abrir grande vantagem. No 6 a 4, Guga subiu à rede e deslocou Corretja de forma sutil numa jogada digna dos bons tempos do tricampeão. Na última troca de quadra, o brasileiro começou sacando e foi impondo seu estilo mais agressivo para fechar o tie-break em 10 a 7 e o jogo em 2 a 1. Já Alex Corretja terá de esperar mais um pouco para se vingar aquela amarga derrota.
Assim que chegou para a entrevista coletiva, Guga deu de cara com um bilhete que Corretja havia deixado antes de sair do auditório: “Dormirei tranquilo, não há problema”. O brasileiro leu o recado e confessou sua vontade de continuar jogando madrugada adentro.
“Ganhar hoje era o que menos importava. Se bem que sempre dá vontade de vencer no final. Tentei jogar o máximo possível. Se fossem cinco sets eu jogaria e, se tivesse condições, jogaria mais vezes. Dá vontade continuar madrugada adentro”, confessou Guga.
O brasileiro também fez um elogio aos cariocas. “As pessoas aqui no Rio são fanáticas por esporte. Se fosse uma Copa Davis estaria todo mundo vibrando aqui. Ano que vem tenho a intenção de voltar e quem sabe trazer o Federer”, prometeu.
Corretja afirmou que, pela primeira vez, sentiu que o mais importante não era ganhar. “O clima foi muito bonito e divertido. Fizemos um belo espetáculo, apesar de não ter sido fácil jogar por causa da velocidade da bola. Era um dia especial para o Guga, para mim e para todas as pessoas aqui na Brasil. Jogando com o Guga, foi a primeira vez que o mais importante não era ganhar e sim participar. Em alguns momentos conseguimos e outros nem tanto”, disse Corretja.
Conquista inesquecível
Na caminhada que culminou com o tricampeonato no saibro de Roland Garros em 2001, Gustavo Kuerten derrotou os argentinos Guillermo Coria e Agustin Calleri (ambos por 3 sets a 0) e o marroquino Karim Alami (3 a 1) nas três primeiras rodadas. Depois, Guga venceu Michael Russell (EUA) nas oitavas-de-final (3 a 2), Yevgeny Kafelnikov (RUS) nas quartas-de-final (3 a 1) e Juan Carlos Ferrero (ESP) na semifinal (3 a 0) antes de chegar à grande final contra Alex Corretja. Guga venceu por 3 a 1 e novamente desenhou o coração no saibro para demonstrar todo o seu amor por Roland Garros.
CAMPEÕES DO CLARO RIO CHAMPIONS
2011 – Carlos Moyá (ESP)
2010 – Fernando Meligeni (BRA)
2009 – John McEnroe (EUA)
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