Os adolescentes de hoje só pensam em passar horas na internet, ver televisão e até mesmo em sair à noite, mas Luis Paulo Mendonça não. Nascido há 15 anos na serra paulista de Campos do Jordão, a trajetória do garoto caminha diferente da maioria dos outros jovens boleiros da Credicard MasterCard Tennis Cup 2006. Ele não gosta de televisão, futebol e prefere ficar no seu canto e ler um livro a sair para rua.
Religioso, Luis Paulo passou a freqüentar a igreja Congregação Cristã em 2002 para acompanhar sua avó. O apreço pelos cultos fez com que ele indicasse a igreja para os próprios pais, que hoje também são fiéis freqüentadores. Lá, Luis Paulo conheceu a orquestra e o objeto que fez Antonio Vivaldi famoso: o violino. “Não sei o porquê, mas eu me apeguei mais ao violino. Eu conversei com meu pai e disse que queria aprender a tocar”, conta o menino com um sorriso tímido.
A aprendizagem não foi fácil. Em um ano e dez meses, o instrutor da igreja só ensinou a divisão (teoria musical), já que Luis Paulo não tinha o instrumento para poder aprender a parte prática. “O tempo foi passando e comecei a precisar, mas eu não tinha um [violino]. Em agosto ou setembro de 2004, uma prima da minha mãe me deu um sem eu saber”.
Luis Paulo freqenta pela manhã o primeiro colegial na escola Teodoro Correa Cintra e à tarde costuma ajudar o pai no serviço de caseiro. O tempo que sobra é todo dedicado ao instrumento de estimação. Quem pensa que a ambição do garoto é ser um grande violinista e participar do Festival de Inverno de Campos do Jordão, se engana. “Não gosto de fama, não quero ser um violinista famoso. Toco para mim e para Deus e só. Não gosto de aparecer”, revela. Sua música preferida do hinário da Igreja é a composição Aurélia, de Samuel Wesley. Um pouco mais desinibido, Luis Paulo cita o trecho que mais lhe agrada: “Ó Rosa de Saron, ó Igreja de Jesus…”.
Apesar de não querer ser um violinista famoso, Luis Paulo sonha em seguir a profissão de médico. “O mais bonito é salvar as pessoas. É muito importante. Eu gostaria de ser um clínico geral”, vislumbra. Segundo ele, por não ter um bom hospital na cidade ele teria que ir para outra região ou abrir seu próprio consultório.
O garoto participou do Challenger de Campos do Jordão pela primeira vez na última edição do torneio, em 2005. “Eu não conhecia o tênis, então não fazia questão nenhuma”, conta. Quando soube do torneio resolveu fazer o teste para entrar na equipe de Agostinho Carvalho. Aprovado, gostou do trabalho e voltou em 2006, desta vez com o violino.